segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

"Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse casa dele, e é. Trata-se um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem - pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas e nem cela - apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come as vezes na minha mão. (...) Aviso que ele não tem nome: basta chama-lo e se acerta com o seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre, ele trota sem ruidos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez.

Ela sorriu. Ulisses ia gostar, ia pensar que o cavalo era ela própria. Era?"

Trecho da carta de Lóri pra Ulisses em Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres por C.L

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